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Você Conhece a Alergia Alimentar?

  • Foto do escritor: Dra. Letícia Baretta
    Dra. Letícia Baretta
  • 1 de fev. de 2021
  • 4 min de leitura

A alergia alimentar ou hipersensibilidade alimentar é uma doença alérgica crônica de pele que pode afetar tanto cães quanto gatos, e é causada por uma reação cutânea adversa a alimentos ou ingredientes neles contidos. Entre os cães, é a terceira alergopatia de maior frequência, ficando atrás da dermatite alérgica à picada de ectoparasitas (DAPE) e a dermatite atópica.


Quais os sintomas da Alergia Alimentar?

O principal sintoma é o prurido (coceira) ocorrendo de forma não sazonal (perdura o ano inteiro, não acometendo somente em uma estação específica do ano). O prurido pode ser localizado ou generalizado e se apresentam de diversas formas em animais: coceira com as patas (a mais perceptível aos olhos do tutor), se “esfregar” em objetos, lambeduras excessivas (muitas vezes nas patas, entre dedos) e mordiscadas. Em gatos, a lambedura excessiva é o principal sinal de coceira e pode ser confundido pelo tutor com o grooming. Infecções oportunistas de pele como piodermite (bacteriana), malasseziose (fúngica) e otites (infecções nas orelhas) também são sinais comuns de animais com hipersensibilidade alimentar e poderão ser identificadas através de exames na consulta dermatológica. Fique atento, caso o seu animal apresente coceira, pele avermelhada, pele escurecida, perda intensa de pelos, falhas de pelos, escoriações (auto-traumatismo), crostas, pápulas ou pústulas (estruturas que lembram espinhas), procure o atendimento de um Médico Veterinário de dermatologia.


Quais sãos os alérgenos (componentes que causam alergia) mais comuns?

Os alérgenos alimentares que mais comumente causam reações adversas em cães são: carne bovina, frango, cordeiro, laticínios e trigo. Em gatos, os mais comuns são: carne, peixe e frango.


Meu pet nunca apresentou sintomas de alergia alimentar, isso significa que ele está livre de tê-la?

Infelizmente, não. A hipersensibilidade alimentar pode se iniciar em qualquer idade, desde filhotes até idosos. Mesmo que o seu animalzinho tenha se alimentado a vida inteira com o mesmo alimento, ele pode vir a desenvolver em determinado período da vida a hipersensibilidade alimentar.

Como é feito o diagnóstico da Alergia Alimentar?

O diagnóstico de Alergia Alimentar é feito através de um processo de restrição seguida de provocação.

A primeira etapa se baseia em realizar uma restrição alimentar, também chamada de Dieta de Eliminação. Durante esse período, que tem duração de 8 semanas, o paciente receberá exclusivamente o alimento prescrito pelo médico veterinário com ingredientes específicos (ração ou alimentação natural/dieta caseira). Rações hipoalergênicas com proteína hidrolizada são comumente utilizadas. É importante enfatizar que durante a restrição alimentar, o tutor não poderá oferecer qualquer outro tipo de alimento ao pet (isso inclui frutas e verduras não prescritas), petiscos, rações pastosas/sachês, medicamentos com flavorizantes (vermífugos e anti-pulgas orais), pastas de dentes ou suplementos nutricionais.

Após esse período de alimentação exclusiva, caso o paciente tenha apresentado melhora na sintomatologia (redução de coceira e de lesões de pele), se inicia o período de provocação, também chamado de Desafio Alimentar. Nesse segundo momento é feita a reintrodução de alimentos da dieta antiga do animal para que seja observado se o paciente terá alguma reação adversa, ou seja, se os sintomas de pele retornam. Caso isso ocorra, o diagnóstico de hipersensibilidade alimentar está confirmado.


Testes alérgicos são indicados para diagnosticar Alergia Alimentar?

Não. Atualmente o melhor meio diagnóstico para hipersensibilidade alimentar continua sendo a eliminação seguida de provocação alimentar. Testes sorológicos (feitos através de coleta de sangue) de IgE e IgG específico para alimentos em cães e gatos possuem acurácia variável, não sendo indicados para definir o diagnóstico da doença. O teste cutâneo para alimentos, Patch Test, possui uma alto valor preditivo negativo, o que significa que pode ser utilizado para a escolha dos ingredientes da dieta de eliminação do paciente, mas não para o diagnóstico da doença.


Meu pet foi diagnosticado com Alergia Alimentar, e agora?

Fique tranquilo! Após a investigação do médico veterinário, uma alimentação específica irá ser prescrita para que o seu pet se alimente exclusivamente de componentes que não lhe causem reação alérgica. Assim, não tendo mais contato com os agentes ofensores, as alergias tendem a cessar.


Se após ler o conteúdo você suspeitar que o seu cão ou gato tem alergia alimentar, entre e contato.

Será um prazer recebê-los no consultório para conversar, avaliar e poder ajudar :)


REFERÊNCIAS:

MILLER W.H.; GRIFFIN C.E. & CAMPBELL K.L. 2013. Food hypersensitivity (Food Allergy). In: Muller and Kirk’s Small Animal Dermatology. 7th edn. St Louis, MO: Elsevier, p.397–405.

MUELLER, R. S. & OLIVRY. (2017). Critically appraised topic on adverse food reactions of companion animals (4): can we diagnose adverse food reactions in dogs and cats with in vivo or in vitro tests?. Veterinary Research. 13 (1), p. 275.

MUELLER, R. S.; OLIVRY, T & PRÉLAUD, P. 2016. Critically appraised topic on adverse food reactions of companion animals (2): common food allergen sources in dogs and cats. Veterinary Research. 12:9.

MUELLER, R. S.; OLIVRY, T & PRÉLAUD, P. 2015. Critically appraised topic on adverse food reactions of companion animals (1): duration of elimination diets. Veterinary Research. 11:225.

SALZO, P.S. & LARSSON, C.E. 2009. Hipersensibilidade alimentar em cães. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 61(3), p. 598-605.

HNILICA, K. A. & PATTERSON, A. P. 2018. Hipersensibilidade Alimentar Canina. In: HNILICA, K.A.; PATTERSON, A. P. 4. ed. Dermatologia de Pequenos Animais: Atlas Colorido e Guia Terapêutico. (p. 202-207). Rio de Janeiro: Elsevier.

Por:

Letícia Baretta &

Ana Paula Fogliatto

 
 
 

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